sábado, 13 de junho de 2009

Palavras


Joan Scott fala que a tarefa de mudança do significado dos termos é fadada ao fracasso. Lingüístas franceses e ingleses fracassaram na tentativa. A verdade é que certas palavras são usadas freqüentemente para atingir de forma violenta muitas pessoas. Venho pensando bastante sobre o assunto há algum tempo e percebo que alguns termos ofensivos deveriam ser encarados como forma de representação. Bicha, sapatão, gilete, trava e alguns outros que se referem à pessoas LGBT's não deveriam mais ser vistos como simples xingamentos em alguns casos.

Conheço muitas meninas que abonimam a palavra lésbica, preferem ser chamadas de sapatão ou fancha, por exemplo. E meninos que se intitulam bichas, viados e outros "termos depreciativos". Estes léxicos representam, socialmente, aquilo que chamamos de esteriótipos. Ao proferir uma destas palavras a alguém espera-se que elas tenham a força de destruir qualquer pingo de respeito que por ela se possa nutrir. Elas são aquilo que é o exagero, o não aceitavél, a chacota, o ridículo... o esteriótipo.

Esteriótipo. Tenho escutado muito este termo nos últimos dias "não gostaríamos de esteriotipar a coisa" "devemos lutar contra o esteriótipo que se espera dos gays" "esteriótipo isso... ou aquilo". Com certeza um de nossos termos mais vulgarizados!

Este termo vem sendo usado como arma na subordinação de algumas identidades sociais sem que as pessoas se dêem conta disto. É comum numa discussão sobre identidades LGBT's dizer que determinados indivíduos são esteriotipados, que determinados comportamentos são esteriótipos e que devem ser combatidos pois são nocivos. Travestis, pintosas e butches são os principais alvos desse tipo de crítica.

Olá? Será que as pessoas não percebem que o que chamam de esteriótipo é na verdade uma identidade indivídual? O problema é que, a maioria, não sabe como lidar com seus constrangimentos e transfere ao outro esta responsabilidade. Numa sociedade onde nossas identidades são controladas e ensinadas de forma a se manterem no padrão dominante, os LGBT's não ascépticos precisam ser combatidos e denunciados como farsas e responsáveis pelos procedimentos de discrimição do resto da sociedade.

São homens, mulheres, travestis, transexuais, bissexuais e outras expressões que precisam deixar de ser encarados com esteriótipos e passar a ser respeitados dentro de suas individualidades. A grande questão nestes casos é que, são estas pessoas, as responsáveis por escacararem as outras formas de ser numa sociedade violentamente heteronormativa. Elxs são constragedorxs porque estão ali reinvidicando o direito de ser delxs e de outrxs. Outrxs que muitas vezes são agentes ativos dessa transformação de individualidades em esteriótipos!

É bom lembrar, principalmente a muitos LGBT's, que forma estes "esteriótipos", os responsáveis por muitas das conquistas na luta por direitos e por sermos quem somos.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Drops

A nova seção do Blog que traz informações rápidas dos assuntos mais comentados durante a semana.

Parada do Orgulho de São Paulo

A Parada da Diversidade de São Paulo, considerada a mior do mundo, acontece no próximo domingo, 14 de junho. Diferente de outras edições do evento, este ano a parada não terá entre seus 20 trios elétricos. 1200 militares farão a segurança do evento juntamente com 420 seguranças particulares. O orçamento deste ano é de $ 760 mil reais.

Príncipe Indiano


Mandreva Gohil

Como divulgado em post anterior, o Príncipe Indiano Manvendra Singh Gohil, 43, estará no país e participará da Parada em São Paulo. Manvendra é responsável pela ONG Lakshya Trust, fundada no ano 2000 e que atua na prevenção de HIV/Aids.

Programação Cultural

A Associação dos Amigos da Parada preparou uma super programação para esta semana! 200 mil pessoas passaram pela Feira Cultural organizada ontem, 11 de junho, no Vale do Anhangabaú. Além da feira, a cena GLS da cidade ferveu durante toda a semana com opções para o público LGBT.


Transexuais e Travestis

As identidades "T" ganharam um posto de saúde em São Paulo! É um espaço ao lado do
Núcleo de Doenças Sexualmente Transmissíveis do Centro de Referência e Treinamento (CRT/Aids), na Vila Mariana, Zona Sul da capital paulista. Nele Travestis e Transexuais receberão atendimento de uma equipe de profissionais especializados e preparados para trabalhar com o grupo. Que venham outros em outras cidades! E que sejam disponibilizados cursos de especialização ao atendimento médico à este grupo que ainda sofre muito constrangimento na rede de saúde do País.

Filha da cantora Cher inicia tratamento de resignificação


Chaz iniciou o processo de ressignificação

Chastity Bono, 40 anos, filha de Sonny Bono e Cher, iniciou os processos de transgenitalização. Ativista dos direitos LGBT's Chaz, que é advogado, está muito feliz com a decisão de acordo com suas fontes oficiais. Chaz assumiu sua homossexualidade aos 20 anos ainda com Chastity e ficou quase 10 anos afastax de sua mãe. Agora, aos 40, espera servir de exemplo para muitxs transexuais ao assumir sua verdadeira identidade.

E pra terminar

De forma geral a cobertura do caso de Chaz deixou muito a desejar. Nem mesmo blogs voltados ao público LGBt's souberam tratar do assunto. Muita chacota e pouco entendimento sobre a identidade transexual foi o que se pôde observar. Claro que houve quem conseguiu tratar o assunto de forma consciente.

A grande mídia, e muitos veículos LGBT's, devem ficar atentos ao falar sobre as paradas de diversidade. Não se tratam de paradas gays e sim paradas da diversidade. Fica dica!

Dia 12 de junho, dia dos namorados, vi apenas um programa, na tv aberta, apresentar um casal não heterossexual.



De volta...


Pessoas passei muito fora do ar... andava preguiçoso para escrever. Não pensem que cogitei acabar com o blog, em absoluto! O considero um importante instrimento na minha luta pró-LGBT's! não importa o número de pessoas que o lêem, o importante é que é lido!